domingo, 22 de julho de 2012

Vídeos feito pelos alunos - Missões

Alguns alunos registraram a viagem as Missões Jesuítas, através de vídeos.

  • O grupo de alunos integrado por José Claudio, Luana da Rosa e Givanna Moresco, da turma 81, realizaram o seguinte:

  • O aluno Matheus Mortari, da turma 82, realizou o vídeo a seguir, clique para assistir: 6 de junho, 2012.

domingo, 15 de julho de 2012

Vídeos das Impressões sobre a Viagem das Missões

Registramos aqui alguns vídeos com as impressões dos alunos sobre a viagem as Missões Jesuíticas.

Clique no nome do aluno para assistir o vídeo:


Hannah Preigschadt - Turma 71

Kelly Barbiero - Turma 72


Registros Fotográficos da Viagem de Estudos

Catedral Angelopolitana de Santo Ângelo




Museu  Municipal  Dr. José Olavo Machado




Pórtico de entrada de São Miguel das Missões


Sítio Arqueológico de São Miguel das Missões








Pia Batismal

Fonte Missioneira


Cruz Missioneira


Índios Guaranis

Registro das Conclusões

A partir de todas as atividades registradas anteriormente surgiram os trabalhos, fotos, vídeos que vamos postar a seguir.

Maquete feita pelas alunas Isabora Enderle Bastianello (t.71), Kelly Barbiero (t.72) e Thaís Machado (t.72). 

Cartaz elaborado pelas alunas: Bruna Vitória Forner Souza (t. 82), Ana Vithória Dorneles Cuti (t. 82), Débora Santos da Silva (t.82) e Emanuelle Santos Alli (t. 81).

Roteiro de Viagem de Estudo as Missões

Município de Santo Ângelo, a capital das Missões Jesuíticas.

·         Igreja Matriz de Santo Ângelo - A Catedral Angelopolitana está situada no município de Santo Ângelo è a principal atração turística da cidade. O início de suas obras data de 1929 e seu estilo lembra o templo da redução de São Miguel Arcanjo. Seu estilo é neoclássico, com arcos, colunetas, molduras e ornamentação. Está localizada no mesmo lugar da igreja da redução de Santo Ângelo Custódio. Há no alto do pórtico imagens esculpidas em pedra grês, representando os santos padroeiros dos Sete Povos das Missões: São Borja, São Nicolau, São Luiz Gonzaga, São João Batista, São Lourenço Mártir, São Miguel Arcanjo e Santo Ângelo Custódio (Santo Anjo da Guarda). No seu interior, abriga uma imagem em madeira de Cristo morto, de origem missioneira, em tamanho natural, datada de 1740 e esculpida em cedro.



·         A Praça Pinheiro Machado se localiza em frente a Catedral Angelopolitana. Em 2006, foram feitas escavações arqueológicas em torno da Catedral e na Praça Pinheiro Machado. As escavações demonstraram a existência de inúmeros materiais utilizados no tempo da redução jesuítica. Além disso, foi descoberto parte do piso da redução.



·         O Museu Municipal Dr. José Olavo Machado é o principal museu do município de Santo Ângelo. Está localizado no centro histórico da cidade, nas proximidades da Prefeitura Municipal e da Catedral Angelopolitana.  O prédio onde está instalado foi residência do último intendente e primeiro prefeito municipal, Dr. Ulisses Rodrigues. O museu abriga valiosos materiais do período jesuítico-guarani, além de uma maquete da antiga redução de Santo Ângelo Custódio.




Município de São Miguel das Missões

·         Pórtico Pórtico de Acesso ao Município – RS 536 - O Pórtico de São Miguel das Missões é um ato de homenagem ao povo guarani, aos jesuítas e a todos que participaram do processo de colonização de formação de uma cultura nobre e única, que é a cultura missioneira. Localizado a 16 km da sede do Município, o pórtico possui esculturas que representam São Miguel Arcanjo, Pe. Jesuíta e o Cacique Sepé Tiarajú – A frase dita por Sepé Tiarajú na Guerra Guaranítica esta escrita em guarani – CO YVY OGUERECO YARA (Esta terra tem dono).




·         O Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo é um conjunto de ruínas da antiga redução de São Miguel Ancanjo, integrante dos chamados Sete Povos das Missões, e um dos principais vestígios do período das Missões Jesuíticas dos Guarani em todo o mundo. O sítio, comumente chamado de ruínas de São Miguel das Missões, é considerado Patrimônio Mundial pelo UNESCO, juntamente com as ruínas no lado argentino de San Ignacio Miní, Santa Ana, Nossa Senhora de Loreto e Santa María Mayor, desde 1983. A construção foi edificada no século XVIII, entre 1735 e 1745. A Igreja foi projetada pelo arquiteto italiano Gean Batista Primolli e construida inteiramente em pedre grês. Não foi finalizada, pois faltou ser construída a segunda torre, que seria o observatório astronômico, possuía três naves com cinco altares dourados, com uma torre contendo cinco sinos.

Cruz Missioneira: Em todas as reduções missioneiras ergue-se a cruz. A maior e original, porém, está na praça fronteira ao templo de São Miguel. De belas proporções arquitetônicas, perto do museu, um cruzeiro vistoso, o que a chamam de a cruz de São Miguel. Mas essa cruz vem sendo chamada no Rio Grande do Sul simplesmente de "a cruz missioneira". A diversidade de nome que se tem dado a essa cruz importa em especial estudo e um tanto de incertezas. Pois para além dos onomásticos "Cruz das Missões", ocorrem com mais frequência os seguintes: "Cruz de Lorena", "Cruz de Borgonha”. Houve quem dissesse simplesmente tratar-se de uma réplica da "Cruz de Caravaca", sendo Caravaca uma cidade na Província de Múrcia, na Espanha. Embora os estudos indiquem a origem da Cruz Missioneira como a Cruz de Caravaca, ela já incorporou ao imaginário do povo rio-grandense como o símbolo máximo da espiritualidade da região das Missões. O seu significado segue sendo o de proteção e é ofertada, em forma de relíquia peitoral, ou pedestal, àquelas pessoas que se querem bem. Os dois braços, que representam a distinção arquiepiscopal ou patriarcal, para diferir da cruz de apenas um braço, são interpretados pela compreensão popular como uma representação da fé redobrada.



·         Musseu das Missões: Foi projetado por Lúcio Costa. O Museu é hoje um marco que contém a mais rica coleção pública de imagens de rara beleza, recolhida por João Hugo Machado entre 1939 e 1940. As imagens variam de tamanhos, indo de 15 cm a 2,20 m. É uma das principais obras do Modernismo no Rio Grande do Sul. Seu projeto é uma reinterpretação do que seriam as casas indígenas missioneiras, com avarandados e telhas de barro, utilizando pedras das antigas edificações. Conta com o principal acervo de imaginaria Barroco-Missionera do Brasil, são 90 imagens talhadas em madeira policromada, também possui sinos, pias batismais e de água benta e fragmentos de pedras trabalhadas entre outros legados. A criação do museu foi uma das primeiras iniciativas do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, hoje IPHAN. Em 1937 foi criado o SPHAN e, no mesmo ano, o arquiteto Lucio Costa foi enviado ao Rio Grande do Sul para analisar os remanescentes dos Sete Povos das Missões e propor providências. Uma de suas propostas foi a de criar um museu para abrigar a estatuária missioneira dispersa pela região. Em 1938, os remanescentes do povoado de São Miguel e o prédio do museu foram tombados como Patrimônio Nacional e, em 1940, o Museu das Missões foi oficialmente criado. Entre 1938 e 1940, o arquiteto Lucas Mayerhofer dirigiu as obras de estabilização na Igreja de São Miguel, a construção do prédio do museu e o ficou encarregado do recolhimento das obras de estatuária.


·         Sino: Está no Museu das Missões, foi feito na Redução de São João Batista, estava na torre da Igreja de São Miguel Arcanjo.
A Praça estava localizada em frente às igrejas, eram feitas as apresentações teatrais, conhecidas como autos sacros. Entre eles existe o texto do Drama de Adão, uma encenação tipo ópera, provavelmente cantada em guarani. Também existem registros da dança nas missões.
Antiga Sacristia: Restaurada em 1983 a antiga Sacristia da Igreja da Redução de São Miguel Arcanjo possui uma maquete da redução e um vídeo que através da informatização podemos visualizar e obtermos informações sobre o plano urbano adotado nas reduções.
Colégio: As salas de aula não ultrapassavam de 20 alunos. O sistema usado era o de monitores. Só os meninos estudavam, as meninas aprendiam artes como bordar, costurar e tecelar.
Oficinas: Nas reduções tinham várias oficinas, da escultura, pintura, música, tecelagem, ourives, madeira, metais, barro, couro, algodão e os pigmentos. Eram produzidos os instrumentos e utensílios utilizados nas construções e na vida cotidiana.
Cemitério: Cemitério dos índios estava localizado à direita da igreja. Era dividido em quatro alas separadas por caminhos que se cruzavam no seu centro. Os mortos eram divididos segundo o sexo e a idade de falecimento. Havia uma ala para os homens, outra para as mulheres, uma terceira para os meninos e a última para as meninas.
Quinta. Local da horta e do pomar onde eram introduzidas e adaptadas espécies vegetais trazidas da Europa e plantadas as espécies nativas com fins de domesticação. Isso era feito com a supervisão do jesuíta e também servia para iniciar os jovens índios ao ritmo do trabalho cristão, localizava-se atrás da igreja.
Cotiguaçu: Casa grande onde viviam as viúvas que tinham tarefas, uma delas era cuidar dos órfãos.
Casas: As casas dos índios localizavam-se ao redor da praça, possuíam seus alpendres e avarandados.
Hospedaria: Localizada ao lado das oficinas, tinha a finalidade de hospedar viajantes de outras reduções.
Fonte Missioneira: Descoberta em 1982 e restaurada em 1983, está localizada a 1 km do Sítio Arqueológico. Esta era uma das 7 fontes que abasteciam a redução. A Fonte Missioneira é outro elemento fundamental do Patrimônio de São Miguel. Foi construída durante o período reducional. Feita de arenito com paredes de pedras retangulares, composta de duas bacias em níveis diferentes, sendo uma delas esculpida com três figuras, uma se encontra danificada. A água que serve esta fonte vem conduzida desde a nascente por um duto subterrâneo de pedra.
Espetáculo Som e Luz: Criado em 1978, trata-se de uma narrativa da história das Missões Jesuitico - Guarani contada através de efeitos de som e luzes. Narra em 48 minutos o nascimento, desenvolvimento e o fim da civilização criada no Rio Grande do Sul por padres jesuitas e indios guarani. Texto e roteiro de Henrique Grazziotin Gazzana e as vozes de Liam Duarte, Paulo Gracindo, Armando Bógus, Fernanda Montenegro, Maria Fernanda, Juca de Oliveira e Rolando Boldrin.

sábado, 14 de julho de 2012

Atividades de Estudo e Pesquisa sobre Missões

Tendo como base nos conteúdos da figura abaixo propomos atividades de estudo e pesquisa.





As Missões Jesuíticas no Rio Grande do Sul – Brasil.

Sete Povos das Missões é o nome que se deu ao conjunto de sete aldeamentos indígenas fundados pelos Jesuítas espanhóis no Continente do Rio Grande de São Pedro, atual Rio Grande do Sul. Os Sete Povos também são conhecidos como Missões Orientais, por estar localizado a leste do rio Uruguai.
Os Sete Povos foram fundados na derradeira onda colonizadora jesuíta na região, depois de terem sido fundadas dezoito reduções em tempos anteriores, todas destruídas pelos bandeirantes brasileiros e exploradores portugueses. Dentre as causas apontadas pelos historiadores para o retorno está a abundância de gado na região e o desejo da coroa espanhola de assegurar a posse daquelas terras, em virtude da crescente presença portuguesa no sul. Contudo, essas teses são controversas.
Seja como for, a partir de 1682 os Jesuítas começaram a voltar para as suas antigas terras, e neste mesmo ano foi fundado o primeiro dos Sete Povos: São Francisco de Borja, seguido por São Nicolau, São Luiz Gonzaga e São Miguel.
Em São Miguel das Missões localiza-se o Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo, onde estão as ruínas jesuítas da antiga redução de São Miguel Arcanjo. Foi declarado Patrimônio Mundial pela UNESCO em 1983.
O sítio arqueológico conta com o Museu das Missões, que abriga estátuas de imagens sacras feitas pelos índios Guarani.
As missões jesuíticas espanholas no sul do Brasil foram uma nação isolada no meio da selva. Foram 200 anos de muito trabalho, guerras, pregações, para construir verdadeiras cidades, com igrejas, indústrias, hospital, escolas, dirigidas com muita sabedoria e rigidez pelos jesuítas.
O sistema usado junto aos guaranis e tapes era semelhante ao dos Incas no Peru. A igreja era o centro da organização. Seu prédio, também sempre tinha lugar estratégico, no centro da redução. Depois construíam a casa dos jesuítas e as casas das famílias indígenas. As famílias indígenas já começavam a viver sob a orientação católica da época. Todos os índios catequizados trabalhavam sob a orientação dos jesuítas. Novas áreas de terra iam sendo preparadas para a produção de alimentos que sempre tinha com fartura para todos.
Oficinas de trabalho que se transformavam em pequenas indústrias. Ferrarias. Fabricavam até instrumentos musicais. Pequenos hospitais eram construídos para atender os moradores da redução. Uma das grandes virtudes dos jesuítas era na área cultural. Foram encontrados livros escritos em alemão, impressos nas reduções jesuíticas do sul do Brasil. Inúmeras atividades eram desenvolvidas pelos jesuítas nas reduções. A Produção de tecidos era uma delas. Mas a mais importante de todas foi à criação de gado. Foram os jesuítas que introduziram a criação de gado no Rio Grande do Sul. A pecuária do Rio Grande do Sul é um dos setores importantes da economia gaúcha até nossos dias.
O gado criado pelos jesuítas acabou sendo abandonado nas primeiras tentativas de povoamento de algumas regiões quando foram expulsos pelos bandeirantes que escravizavam os índios. Esse gado, por quase 40 anos ficou produzindo nos campos gaúchos. Era tanto gado que se tornou uma grande alternativa de renda por vários anos. Foi  nesta época que os jesuítas voltaram ao Rio Grande do Sul para fundar os Sete Povos das Missões.
No Rio Grande do Sul os jesuítas fundaram a primeira cidade, ou seja, a primeira redução jesuítica na cidade de São Miguel das Missões, quase na divisa com a Argentina, no ano de 1687. Os índios guarani foram os escolhidos pelos jesuítas para sua catequização. Os Charruas e Guenoas viviam em guerra com os Guaranis e por este motivo os jesuítas deixaram de contatá-los.
O que sobrou das reduções jesuíticas dá-nos a ideia da organização em que viviam os índios e os jesuítas. A organização era tamanha que os europeus temiam que ali estivesse a fundação inicial de um novo país, colocando os jesuítas contra os espanhóis. Mas isto nunca foi pensado pelos jesuítas. Era o trabalho que engrandecia o empreendimento. Na pintura, na escultura, nas artes plásticas e no artesanato, os índios eram verdadeiros artistas.
Os padres jesuítas administravam a organização muito rigorosamente. E tudo sob a doutrina da Igreja Católica. Os índios eram obrigados a aceitar a catequização se quisessem participar da organização.
Os impostos eram pagos ao governo espanhol. Possuíam a formação de um exército para defender-se da expansão portuguesa, dominar as rebeliões e lutar contra os bandeirantes.
A inveja era tanta pelos portugueses e outros povos europeus que pressionaram os espanhóis a desentenderem-se com os padres jesuítas. Os espanhóis trocaram a Colônia do Sacramento que era dos portugueses pelos Sete Povos das Missões de domínio espanhol. É bom lembrar que a Colônia do Sacramento foi uma luta dos índios guaranis em favor da Espanha.
Com esta troca efetuada entre espanhóis e portugueses os índios deviam abandonar suas terras e se instalar na Argentina. Naturalmente, os índios não aceitaram e declararam guerra a Portugal e à Espanha. Começava a Guerra Guaranítica.
Com o início da guerra, milhares de pessoas foram mortas, principalmente indígenas guaranis. Mas Portugal e Espanha fizeram outro acordo. Os índios podiam ficar, mas os padres jesuítas tinham que deixar a região. Isso mesmo! Os jesuítas foram expulsos, deixando a organização sem administração.
Militares portugueses assumiram o comando das reduções e transformaram os índios em soldados para defender a coroa portuguesa nos conflitos da Região do Prata. Os índios foram exterminados pelas guerras que aconteceram nas próximas sete décadas.
A República Guarani (Comunista/Social Cristã) como muitos historiadores a definem nasceu no meio da mata. E continua lá para ser descoberta, pois muito pouco foi pesquisado sobre o assunto. Continua lá para ser visitada. É uma verdadeira aula cultural.


Missões Jesuíticas

O estudo da temática Missões Jesuíticas tem por objetivo possibilitar aos estudantes contatar com a história no local onde ela aconteceu, lhes proporcionando uma visão da história com uma pitada de realidade, tornando o estudo interessante e atrativo.



A MISSÃO

Ficha Técnica:
A MISSÃO - (The Mission)
País/Ano de produção: Inglaterra, 1986.
Duração/Gênero: 125 min., drama histórico.
Disponível em vídeo e DVD
Direção de Rolland Joffé
Roteiro de Robert Bolt
Elenco: Robert De Niro, Jeremy Irons, Liam Neeson, Aidan Quinn

RESUMO:
No século XVIII, na América do Sul, um violento mercador de escravos indígenas, arrependido pelo assassinato de seu irmão, realiza uma auto-penitência e acaba se convertendo como missionário jesuíta em Sete Povos das Missões, região da América do Sul reivindicada por portugueses e espanhóis, e que será palco das “Guerras Guaraníticas”.
A Missão indica ter fé e dedicar tempo, trabalho, conhecimento e a própria vida para fazer com que pessoas relegadas ao esquecimento possam atingir Deus. Superar o caos que tomou conta do cenário europeu em virtude do protestantismo de Calvino, Henrique VIII e, principalmente, Lutero. Fazer parte do exército de Cristo, sob o comando de Inácio de Loyola, e iniciar a Contra-Reforma (ou Reforma Católica) convertendo os americanos (os índios do Novo Mundo) aos ditames da Bíblia. Tarefa digna de verdadeiros Hércules.
Pois essa é a história que nos é contada (parcialmente) no filme de Rolland Joffé, "A Missão", vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes em 1986 (Melhor Filme). Contando a saga dos jesuítas que viveram na fronteira entre o Brasil, a Argentina e o Uruguai, na região de Fóz do Iguaçú, onde se estabeleceram os Sete Povos das Missões.
Tendo no elenco artistas do porte de Robert De Niro, Jeremy Irons e um ainda jovem Liam Neeson, o filme contou ainda com uma direção de arte esmerada, figurinos que reproduzem fidedignamente o período retratado, uma belíssima fotografia e um roteiro qualificado produzido por Robert Bolt. O prêmio em Cannes foi consequência de todas essas qualidades.
A história do filme nos mostra um caçador de índios daquela região, capitão Mendonza (Robert De Niro) que em suas buscas dá preferência aos nativos que já tivessem sido catequizados e aculturados pelos religiosos. Esses indígenas apresentavam grandes vantagens em relação aos demais por estarem adaptados ao trabalho, a língua, aos modos e aos hábitos dos europeus que viviam na América.
Paralelamente a trama vivida por Mendonza, há o trabalho árduo dos jesuítas. Tudo se iniciando com o desbravamento de uma região virgem e inóspita, onde as densas florestas e os animais selvagens constituíam obstáculos de difícil superação. Não menos hostis e pouco receptivos (pelo menos à princípio), os índios causaram dificuldades a alguns missionários enviados para a região dos Sete Povos. Para que fossem convertidos foi necessária a chegada de um padre mais experiente, capaz de superar qualquer dificuldade, conhecido como Gabriel (o ótimo Jeremy Irons).
Superadas as adversidades naturais e a repulsa inicial dos nativos, coube ao jesuíta impedir a ação do caçador de índios, Capitão Mendonza, em sua região. Ação essa facilitada pelo martírio vivido pelo personagem de De Niro, envolvido num triângulo amoroso de desfecho trágico, que o levou a prisão e a necessidade de superar seu pecado redimindo-se com uma pena exemplar, trabalhar em favor daqueles que haviam sido suas presas preferenciais, os indígenas.
Além das tramas que orientam os caminhos dos personagens principais, "A Missão" consegue mais, discute a questão da disputa que se travava na região pela posse das terras envolvendo Portugal, Espanha e a Igreja Católica (ameaçada de despejo de suas Missões Jesuíticas). Esse acontecimento histórico que se desenrolou por aproximadamente cem anos e foi discutido em diversos acordos entre portugueses e espanhóis acabou fazendo parte do filme, o que confere ao trabalho de Bolt (o roteirista) e de Joffé grandes méritos, afinal, não se trata de tema fácil e de grande aceitação pelo público.
Por motivos como os apresentados (qualidades indiscutíveis no roteiro, fotografia, direção de arte, atuação dos atores, direção segura,...) e, sabendo tratar-se de filme agradável, de bons resultados em termos de bilheteria, esse filme é indispensável para entender melhor esse período da nossa história, principalmente se atentarmos para o fato de que a ação dos jesuítas não é assunto regularmente trabalhado em sala de aula.
O que acontece nessa época é que, após certo tempo, muitos índios foram liberados de seu trabalho e os senhores escravagistas começaram a sentir falta da mão de obra proporcionada anteriormente pelos nativos.
Esse sentimento fez com que os senhores começassem a patrocinar o uso das “entradas e bandeiras”, expedições que adentravam a mata e capturavam índios para o trabalho escravo, bem como recuperavam nativos que já haviam sido liberados. Essa situação proporcionou um confronto histórico, pois índios que já sabiam ler, escrever e conheciam a bíblia passaram a ser capturados pelos bandeirantes – equipes que penetravam nas matas em busca de exploração ou “mão-de-obra gratuita”.
Esse período é mostrado no filme. A única pessoa que apoiava as missões dos bandeirantes era o Rei da Espanha. As cortes europeias, já de pensamento iluminista (razão e ciência), se colocavam contra os ensinamentos da Companhia de Jesus (fé e emoção) e, Portugal mandou ordens para que se recuperasse os índios catequizados, aproveitando desse movimento anti-cristão.

CONTEXTO HISTÓRICO
Ao longo dos séculos XVI e XVII várias missões católicas foram criadas pelos jesuítas na América do Sul. Surgidas no século XIII, com as ordens mendicantes, esse trabalho de evangelização e catequese, desenvolveu-se principalmente nos séculos XV e XVI, no contexto da expansão marítima européia.
Embora tivessem como objetivo a difusão da fé e a conversão dos nativos, as missões acabaram como mais um instrumento do colonialismo, onde em troca do apoio político da Igreja, o Estado se responsabilizava pelo envio e manutenção dos missionários, pela construção de igrejas, além da proteção aos cristãos. Na análise de Darcy Ribeiro em "As Américas e a Civilização", as missões caracterizaram-se como "a tentativa mais bem sucedida da Igreja Católica para cristianizar e assegurar um refúgio às populações indígenas, ameaçadas de absorção ou escravização pelos diversos núcleos de descendentes de povoadores europeus, para organizá-las em novas bases, capazes de garantir sua subsistência e seu progresso".
Durante o século XVIII o movimento missionário enfrentou problemas na América do Sul, em áreas de litígio entre o colonialismo espanhol e português. No sul do Brasil, a população indígena dos Sete Povos das Missões, foi submetida pelo Tratado de Madrid (1750), um dos principais "tratados de limites" assinados por Portugal e Espanha para definir as áreas colonizadas.
Pelo Tratado de Madrid, ficava estabelecida a transferência dos nativos para margem ocidental do rio Uruguai, o que representaria para os guaranis a destruição do trabalho de muitas gerações e a deportação de mais de 30 mil pessoas. A decisão foi tomada em comum acordo entre Portugal, Espanha e a própria Igreja Católica, que enviou emissários para impor a obediência aos nativos. Os jesuítas ficaram numa situação delicadíssima, pois se apoiassem os indígenas seriam considerados rebeldes, e se contrário, perderiam a confiança deles. Alguns permaneceram ao lado da coroa, mas outros, como o padre Lourenço Balda da missão de São Miguel, deram todo apoio aos nativos, organizando a resistência desses índios à ocupação de suas terras e à escravização. Dá-se o nome de "Guerras Guaraníticas" para esse verdadeiro massacre dos nativos e seus amigos jesuítas por soldados de Portugal e Espanha. Apesar da absurda inferioridade militar, a resistência indígena estendeu-se até 1767, graças às táticas desenvolvidas e as lideranças de Sépé Tirayu e Nicolau Languiru.
No final do século XVIII, os índios já tinham sido dispersados, escravizados, ou ainda estavam refugiados, na tentativa de restabelecer a vida tribal, que os caracterizava antes das missões.
O filme “A Missão” aborda a colonização jesuítica na região formada pela fronteira entre o Brasil, Paraguai e Argentina, onde se situa as cataratas de Foz do Iguaçu. Os eventos narrados estão ambientados no século XVIII.
A história se inicia mostrando o trabalho de evangelização dos índios guaranis por jesuítas. O principal religioso é Padre Gabriel, personagem vivido pelo ator Jeremy Irons. O trabalho dos jesuítas na América do Sul era de tentar converter os índios para o cristianismo e ensiná-los a desenvolver os hábitos comuns aos europeus. Essa tarefa teve bastante sucesso, pois os índios além de adotarem a religião de Roma, passando a acreditar num Deus único, começaram a usar roupas, comer com talheres e fazer coisas sofisticadas para a época, tais como aprender canto lírico e fabricar violinos de excelente qualidade. Na medida em que a colônia – conhecida como missão, daí o nome do filme – começou a prosperar, o reino de Portugal passou a cobiçá-la, assim como aos índios, para que fossem escravizados.
Paralelamente, o filme conta a história de Rodrigo Mendoza (Robert De Niro), um caçador de escravos que após matar seu irmão em uma discussão movida por ciúmes torna-se padre, como forma de se penitenciar de seu arrependimento. Porém, no momento em que a corte resolve tomar a missão, Padre Rodrigo resolve lutar ao lado dos índios, decepcionando Padre Gabriel, que entendia que um jesuíta não poderia lutar com armas para defender suas convicções.
Ao final, não tendo sido possível para Padre Miguel evitar o conflito junto aos seus superiores, as tropas portuguesas arrasaram a colônia e os índios, havendo um extermínio completo, inclusive dos padres jesuítas.

Sugestão para Debate

  • Há no filme A Missão três figuras-chave. Qual o papel evocativo de cada uma delas?
  • O índio reduzido tem sua organização tribal (e interior) desestruturada fazendo-o frágil frente aos ataques. Debata a questão das missões e reduções jesuíticas provocaram radicais mudanças na cultura do indígena.
  • O que significou para os povos indígenas a chegada do europeu?
  • O que o europeu queria dos povos indígenas?
  • Qual o tipo de modo de produção utilizado nos aldeamentos?
  • Descreva a relação histórica entre entradas e bandeiras?
  • Qual sua opinião com relação à abordagem histórica feita pelo autor do filme.